Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos

João Salaviza

Nasceu em Lisboa em 1984. Estudou cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa e concluiu os seus estudos na Universidad del Cine in Buenos Aires. A sua primeira curta metragem, “Duas Pessoas" (2005), foi seleccionada para diversos festivais e recebeu o prémio Take One em Vila do Conde. Em 2009, com “Arena", ganha a Palma de Ouro para melhor curta metragem no Festival de Cinema de Cannes e o prémio para melhor curta metragem portuguesa no IndieLisboa. Participou desde então em diversos festivais internacionais, tais como Tribeca, Roterdão, Londres e Pusan. Em 2010 realizou “Hotel Müller"” (baseado na obra de Pina Bausch) e “Casa na Comporta" para a participação portuguesa na 12ª Exposição internacional de Arquitectura – Bienal de Veneza. A curta "Cerro Negro" foi realizada para o Programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian, e em 2012 concluiu "Rafa" que lhe valeu o Urso de Ouro para Melhor Curta-Metragem na Berlinale.A primeira longa-metragem de João Salaviza, "Montanha" estreou na Semana da Crítica do Festival de Veneza em 2015 e seguiu-lhe uma intensa vida festivaleira. Ganhou o Prémio de Melhor Cinematografia no Manaki Brothers International Film Festival. A última obra de Salaviza, a curta-metragem "Altas Cidades de Ossadas" estreou na Berlinale em 2017. A segunda longa-metragem de João Salaviza foi realizada juntamente com a mulher, Reneé Nader Messoura. "A Chuva é Cantoria na Terra dos Mortos" estreou no Festival de Cannes em 2018, tendo ganho o Prémio Especial do Juri. Estreou em Portugal a 14 de março de 2019, e percorreu inúmeros festivais ganhando vários prémios. Filmado no Brasil, é o resultado de dois anos de vida e contacto, em família, com os Krahô, povo indígena do Brasil, numa das suas aldeias no estado de Tocantins, terra árida a quase mil quilómetros de Brasília.

Renée Nader Messora

Cineasta brasileira, formada em Cinematografia na Universidad del Cine de Buenos Aires. A maioria do seu trabalho foi como assistente de direção. A sua longa metragem “A Chuva é Cantoria na Terra dos Mortos” estreou no Festival de Cannes em 2018, onde foi vencedora do Prémio Especial do Júri. O filme foi realizado juntamente com o seu marido João Salaviza, e retrata a luta do povo Krahô, uma comunidade indígena do Brasil, contra a destruição das suas tradições, devido à falta de políticas de proteção das terras indígenas.

Esta noite, os espíritos e as cobras ainda não apareceram. A floresta ao redor da aldeia está calma. Ihjãc, quinze anos, tem pesadelos desde que perdeu o pai. Ele é um índio Krahô, do Norte do Brasil. Ihjãc avança na escuridão com o corpo suado. Uma voz distante ecoa por entre as palmeiras. A voz do pai chama-o, junto à cascata: chegou o momento de preparar a sua festa de fim de luto para que o espírito possa partir para a aldeia dos mortos.

Rejeitando o seu dever e para escapar do processo de se transformar em xamã, Ihjãc foge para a cidade de Itacajá. Longe do seu povo e da sua cultura, vai enfrentar a realidade de ser um indígena no Brasil contemporâneo.

Entrevista — João Salaviza e Renée Nader Messora materiais-diversos-download
Realização João Salaviza, Renée Nader Messora Produção executiva Isabella Nader Direcção de fotografia Renée Nader Messora Som Vitor Aratanha Desenho de Som Pablo Lamar Mistura de som Ariel Henrique Montagem João Salaviza, Renée Nader Messora, Edgar Feldman Traduções e pesquisa Ana Gabriela Morim De Lima, Ian Packer Produção João Salaviza, Renée Nader Messora, Ricardo Alves Jr, Thiago Macêdo Correia Produtoras Entrefilmes, Karõ Filmes, Material Bruto